Breves considerações sobre o Transtorno Bipolar

Gostaria de começar distinguindo o termo Bipolar utilizado no senso comum, do Transtorno Bipolar. A pessoa que tem variações de humor durante o dia não necessariamente tem o transtorno, apenas um psiquiatra pode realizar esse diagnóstico.

O Transtorno Bipolar talvez seja o de diagnóstico mais difícil de realizar, podendo demorar anos para que o médico chegue a essa conclusão. Esse transtorno é caracterizado por a pessoa apresentar duas polaridades de humor, a maníaco e a depressiva.

Características do Episódio Maníaco: Auto-estima elevada, grandiosidade, fuga de ideias, distraibilidade, aceleração psicomotora, desinibição social, baixa necessidade de sono, alto envolvimento com atividades prazerosas (DALGALARRONDO, 2008).

Características do Episódio Depressivo: Humor deprimido, desânimo, perda de interesse, alteração no apetite, alteração no sono, fadiga, perda de energia, pessimismo, baixa auto-estima, concentração prejudicada, pensamentos de morte ou suicídio, alteração psicomotora – agitação ou retardo (DALGALARRONDO, 2008).

O Transtorno Bipolar têm cura? Assim como outros transtornos de humor, não há uma cura definitiva, mas com o acompanhamento adequado a pessoa consegue ter uma rotina da forma como ela deseja.

Como é o tratamento do Transtorno Bipolar? É imprescindível e primordial que haja o acompanhamento psiquiátrico das pessoas, de forma contínua. O médico especialista quem irá conduzir o diagnóstico e controlar a medicação (o médico varia as composições, dosagens e interações conforme os sintomas  e sua intensidade). Em conjunto ao tratamento farmacológico, a psicoterapia é fundamental para que a pessoa entenda e conviva com o seu transtorno, aprendendo a identificar e explorar suas potencialidades em cada momento de variação de humor.

Só o tratamento médico não é suficiente? Para o controle dos sintomas sim. Mas para adaptação as variações de humor, tomada de decisão, convivência da família, relações com o trabalho, variação da produtividade, o medicamento não possui ação.

E a psicoterapia sem medicamentos funciona? A psicoterapia somente será efetiva com a formação do diagnóstico e o acompanhamento e controle dos sintomas, que podem ser bem severos.

Com que frequência esses sintomas variam? Esse é o fator que dificulta o diagnóstico. Geralmente não há uma regra. Tenho uma pessoa na família com o Transtorno Bipolar que demorou anos para ser diagnosticada, pois os episódios eram longos. Um longo período de depressão, outro longo período de mania. Tanto nós familiares quando os especialistas que acompanhavam tratavam a depressão e entendiam a fase maníaca como o resultado positivo do tratamento. Agora que atuo nessa área percebo que é muito comum isso ocorrer. Ao avaliar a história de vida com a pessoa em terapia, percebemos juntos que os sintomas no Transtorno Bipolar estão aparecendo há muito tempo, mas com intensidade e intervalos que não permitiam chegar a essa conclusão anteriormente.

São muitas as dúvidas que temos, e como especialista busco me atualizar com novos estudos que são realizados, em especial nos Estados Unidos, ainda que a maior parte dos estudos sejam voltados para a área da medicina.

No tratamento, procuro interagir com o médico, fornecendo feedback do tratamento psicoterápico, e recebendo do médico informações clínicas, e sendo transparente com a pessoa, e envolvendo a família nos aspectos necessários. Sempre buscando o melhor atendimento.

Referências:

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Editora Artmed, 2008.

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