Estava diante de uma decisão financeira importante no meu orçamento pessoal, quando parei para refletir sobre grande desafio que meus clientes/pacientes/agentes têm ao precisarem de adotar uma decisão.
Há momentos, tanto na terapia quanto na orientação de careira, em que noto que a pessoa sabe exatamente o que fazer, qual o próximo passo, mas encontra dificuldade em de fato decidir e agir.
Mas porquê isso? Porque há riscos envolvidos. Na pós-graduação aprendi que em finanças o risco significa a chance de que o planejado não aconteça, ou seja, quando maior o risco, maior as chances de divergir, e quanto menor o risco, menor a chance de divergir do planejado.
Durante a psicoterapia, ao chegar nesse ponto onde o que impede de seguir é a omada de decisão, paramos para avaliar os riscos reais, e aqueles riscos que não têm muitas evidências, mas que podem também ser reais. Avaliamos cada um deles, e os danos caso algum desses riscos se concretize. Para aqueles que geralmente terceirizam a tomada de decisões, trabalhamos ainda mais as amarras envolvidas, pois estas esperam, esperam, esperam, aguardam que alguma contingência se faça presente para poupá-lo do desgaste de decidir, deixando-as angustiadas pela espera incessante do outro.
O fato é que sentimo-nos temerosos, receosos, e alguns desses sentimentos dificultam uma análise mais racional. E em alguns momentos em nossa vida pessoal, precisamos pensar como se estivéssemos mesmo analisando uma planilha financeira, como um gestor da própria vida, pois algumas decisões podem afear profundamente a nossa história – sendo para afetar, que seja para produzir, inventar vida, criar, pulsar, viver.
Muitas das decisões envolvem terceiros – familiares, colegas de trabalho, clientes, comunidade, e outros atores, o que torna ainda mais complexo o próximo passo.
Na orientação de carreira, as decisões em geral estão ligadas a um alto custo financeiro e de tempo para investir em uma formação acadêmica, ou empreender. Neste caso, vamos fazer um planejamento de negócio, planejamento de carreira, trabalhar imagem profissional, estudar profundamente o mercado de trabalho, as variáveis econômicas, e até mesmo aqueles fatores inomináveis, as sensações e percepções da pessoa, as habilidades, aptidões e competências.
Analisar não garante a eliminação dos riscos, mas torna-os visíveis e prepara-nos para lidar com eles.