Embora haja livros e manuais com receitas prontas de “Dez coisas para fazer” ou de “Sete coisas para não fazer, alguns fatores são definitivos para essas listas não se aplicarem, e é a respeito de cada um deles que vou tratar por aqui.
Os relacionamentos são estabelecidos de maneira distinta, com ou sem envolvimento religioso, reconhecido ou em cartório com regime de bens especificado, com abertura ou inflexibilidade a padrões conceituais. Para além dos contratos jurídicos, os casais estabelecem contratos psicológicos, ou seja, quando se estabelecem vínculos informais para atender às necessidades das duas partes envolvidas, e é exatamente nesse ponto que as to-do list não são efetivas, pois o que está envolvido nesses contratos/acordos diz respeito unicamente a cada casal.
A pergunta inicial
Uma pergunta deve ser feita quando se pensa no assunto – qual será o nosso posicionamento quanto ao nosso relacionamento, e o que faremos para manter essa decisão?
A resposta precisa ser elaborada individualmente, depois em conjunto com o parceiro, chegando ao denominador comum. Sim, é preciso que cada um saiba e reflita sobre o que quer, o que pode, o que deve, o que não pode, para que no diálogo com o outro exponha suas necessidades e identifique os pontos de necessidade de flexibilizar.
Fatores de crença, valor e critérios da religião
Estes também são fatores que “matam” as listas de “como alcançar um relacionamento de sucesso” (to-do list), pois o passo a passo é rígido, e não é possível considerar as crenças, valores e conceitos religiosos. O primeiro passo dos “dez passos para ser feliz” pode matar todos os outros, caso ele não tenha coerência com os valores individuais e do casal .
Em um processo de Psicoterapia ou Coaching, esses fatores são respeitados independente do que seja, levando a pessoa a criar seus próprios “dez passos” ou “como fazer” de forma coerente com os pilares de sua vida e relacionamento – (se eu como terapeuta e coach resolver impor minhas crenças e valores, a única pessoa que poderia ser trabalhada com eficácia seria eu mesma).
Crenças não necessariamente estão ligadas à religião, embora possam estar. Nós crescemos em um meio social onde aprendemos e experenciamos muitas coisas, formando crenças, que quase sempre ficam ocultas, são sutis, passam despercebidas.
Para lidar com quaisquer crises de relacionamento, esses fatores precisam ser observados, pois eles próprios podem se fazer obstáculos para seguir adiante, por uma incompatibilidade entre a crença e a realidade apresentada, divergência entre os valores de cada um no relacionamento, ou mesmo por autossabotagem.
Diálogo
Ponto primordial desde o início do relacionamento, o diálogo é o maior de todos os calcanhares de aquiles. Falamos muito e dialogamos pouco.
“Eu avisei que isso não daria certo” – diz o marido.
“Estava na cara que tinha alguma coisa” – diz a esposa.
“Eu estou certo(a), você estava errado(a)” – dizem os dois no relacionamento.
A relação não deve ser tratada como uma batalha, como disse aqui anteriormente, e esse tipo de discurso em momento algum representa um diálogo.
Precisamos aprender o que falar, porque falar, como falar, quando falar. E ouvir em todos esses momentos. Escutar o que o outro diz em gestos e palavas, e ouvir a si próprio. Nos momentos de crise tendemos a entras em reflexão sobre o outro e a respeito de nós próprios, e isso pode comprometer a escuta.
Parece simples, mas é o maior desafio do relacionamento. Exige autoconhecimento, conhecimento do outro , e inteligência emocional.