Questões para pensar: sabemos nos relacionar?

Estudos antropológicos e etológicos pesquisam durante várias décadas as relações humanas e de nossos ancestrais, e assim como outras espécies de animais,  como cães e macacos, o ser humano vive em grupos e bandos, desde que há registros. O ser humano, mais do que os outros animais, possui uma dependência durante os primeiros anos de vida, pois é totalmente dependente de um adulto para sobrevivência. Em outras espécies, o filhote anda nas primeiras horas de vida. O ser humano demora cerca de um ano para dar os primeiros passos. Um chimpanzé, que compartilha de 90% de nosso DNA, com idade equivalente já se comunica perfeitamente e é capaz de sobreviver sem ajuda.

Mas o que diferencia o ser humano dos demais? Com toda a fragilidade da nossa espécie, o que nos torna tão potentes?

Estava assistindo a um documentário chamado “What Makes Us Human”,  da professora e pesquisadora Alice Roberts, da área de antropologia, que apresenta várias reflexões quando compara a estrutura física e intelectual entre os símios e os humanos. Inclusive, em algum momento do documentário é comprovado através de testes e experimentos que a inteligência ligada ao espaço físico de alguns símios se destaca em relação ao mesmo critério em relação ao humano.

Mas o ser humano fez algo que vem praticado há cerca de cem mil anos, que se trata da criação de códigos. Esses códigos vieram a facilitar a convivência interna no grupo e entre diferentes grupos.

O ser humano descobre/ desenvolve a linguagem, a habilidade de resolução de problemas, o afeto. Cria ferramentas que facilitam no dia-a-dia.

De lá para cá, toda a produção foi bem além da invenção da roda. O mundo se construiu rapidamente, as informações estão acessíveis de todo a qualquer lugar do planeta, novas pesquisas desbancam conhecimentos afirmados por várias gerações, a possibilidade de escolha do ser humano é infinita. Isso sem falar nos transportes, que estão mais ágeis e chegam a lugares antes inimagináveis: lua, Marte. Podemos tudo.

Mas mesmo com toda a potência do ser humano, vemos e vivemos um momento de crise –  financeira, econômica, tecnológica, de valores. Por quê isso acontece?

Várias das produções humanas levaram centenas de anos para se realizarem. O CD (Compact Disc, lembram?), foi uma invenção que marcou os anos 90, mas não durou nem 20 anos. Veio o pendrive, o cartão de memória. Mas hoje se fala muito em salvar arquivos na nuvem.

marketing-de-relacionamentoCom a velocidade de novas informação e produções, qual é o momento em que a sociedade para é reflete? Em que momentos avaliamos como vamos passar a interagir se não nos sentamos mais em via da fogueira, nem em volta da televisão, mas cada um em seu espaço interagindo através de sua mídia pessoal?

E não estou dizendo que a tecnologia é ruim, mas estamos nos adaptando a elas sem pensar a respeito. Nossos modos de vida estão mudando, mas não problematizamos sobre a transição do modelo antigo para o novo, está simplesmente acontecendo. E o modelo antigo já não se sustenta mais na vida moderna – e quando falo de modelo antigo me refiro até mesmo ao modelo de família nuclear dos nossos pais e avós.

Daí as crises de valores. O que faço no mundo? O que é a vida? Que meu propósito em viver, se o que acredito hoje muda amanhã, ou se minha profissão deixa de existir de um dia para outro, ou se sou sequestrada na frente da minha casa? Precisamos pensar e nos encontrar.

images (1)Quanto às redes sociais, elas nos fazem ter acessos a informações desde o vizinho, que não conheço pessoalmente mas sei onde ele trabalha e onde ele jantou ontem, até os conflitos do oriente médio, crise político-econômica do Brasil, previa do início da campanha eleitoral e definição dos candidatos a presidente dos EUA. Temos tudo, mas não nos aprofundamos em nada. Sabemos nada de tudo. E ainda opinamos e compartilhamos.

Como estamos nos relacionando? Está tudo tão rápido. Bauman vem estudando há anos sobre as relações humanas, e comprova a cada estudo que nossas relações tem se constituído de forma líquida e descartável.

As pessoas estão mais arrogantes, mais do as da verdade, se sentem mais capazes de tudo, inclusive do que não nos cabe (julgar, assassinar um suspeito de cometer crimes..). Intolerantes, pois aqueles que não se adequam não nos servem. E aqueles que são úteis hoje podem não o ser no momento seguinte.

É importante ressaltar, voltando na potência humana de vida, que mesmo com todas as crises e questionamentos do mundo contemporâneo, o ser humano existe adaptando-se, criando novas formas de existir. Está aí um diferencial da potência da vida humana.

Mas precisamos pensar. Temos que refletir. Vamos produzir?

Publicado do WordPress para Android

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